terça-feira, 27 de outubro de 2009

Cinco Razões para Missões




O grande despertamento missionário entre os Cristãos brasileiros nos últimos dez anos levou muitos a conclusão que missões não é apenas uma tarefa exótica para alguns mais aventurosos. A Bíblia deixa claro que o centro da razão da existência da Igreja de Jesus Cristo é de levar o Evangelho a todos os povos. Como membros desta Igreja, e das igrejas locais, temos que entender o que devemos fazer, e entender por quê. Com o entusiasmo e a pressa de alguns, há perigo de agir sem ter fundamentos sólidos do por quê e do como agir. Temos que começar entendendo a vontade de Deus, claramente expressa e enfatizada na Sua Palavra. Quais as razões bíblicas que nos levam a orar, contribuir, e fazer algo em favor da evangelização e discipulado de todos os povos? O alvo deste estudo é destacar algumas razões, para que possamos ter firmeza e certeza da nossa missão.

1. O Amor de Deus

"Porque Deus amou ao mundo" são palavras que fazem parte de um dos versículos mais conhecidos na Bíblia (João 3:16). Assim podemos começar a entender o por quê do grande impulso da Igreja em se estender para alcançar os que não experimentam este amor. O amor de Deus é uma das razões principais que leva aos que já o tem experimentado a falar aos outros.

Citamos acima um dos versículos mais conhecidos na Bíblia. Por causa do amor, Deus deu o Seu único Filho em sacrifício para pagar o castigo do nosso pecado. Aquele que crê nEle não será prêso à morte, mas viverá para toda a eternidade. O sofrimento do castigo foi enorme--uma morte mais que terrível numa cruz romana, cercado de gozadores, opressores, e uma mãe e amigos sofrendo a cena sem poder agir para ajudar. Jesus tomou nosso pecado sobre si, um ato extremamente significante no contexto judaico; Deus tinha preparado o povo com sua cultura e seus atos religiosos de séculos para receber esta manifestação do Seu amor. Jesus se tornou O Cordeiro verdadeiro, a propiciação para nos trazer perdão dos pecados e paz com Deus. "Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamento com Cristo--pela graça sois salvos, . . . " (Ef 2:4-5).

Este amor não é apenas teoria, ou algo que aconteceu centenas de anos atraz sem significância hoje. O amor de Deus hoje impacta a vida dequele que o experimenta. ". . . porque o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, (. . . ) Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores" (Rm 5:5,8). ". . . e assim habite Cristo nos vossos corações, pela fé, estando vós arraigados e alicercados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o cumprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus" (Ef 3:17-19).

O Cristão verdadeiramente transformado e orientado pelo amor de Deus se preocupará em falar e demonstrá-lo. Amor se extende, comunica, compartilha. Deus ordenou que a Igreja fosse canal deste amor.

Anos atrás ajudei uma amiga a orar em favor de um grupo de moças que ela aconselhava. Quando, de repente, ela tinha que ir embora, ela pediu que eu ajudasse aquelas moças. Levei-a para o aeroporto e a despedí. Quando voltei todas estavam numa reuinão. Sentei-me e começei a olhar para aquelas moças, desconhecidas pessoalmente, mas conhecidas em oração. Começei sentir amor por elas--amor por causa da amizade com minha amiga. Começei a olhar para elas com os olhos da amiga querida. De repente senti uma verdade: que Deus quer exatamente isto dos Seus filhos. Ele quer que nós olhemos para os outros e para o mundo inteiro com os olhos de amor e de compaixão dEle!

Uma equipe de tradução da Bíblia numa tribo na Àfrica teve anos de dificuldades em achar uma palavra para expressar "amor." Finalmente ouviram sobre um drama que resolveu o problema. Uma moça e sua amiga estavam voltando pela selva até a aldeia onde o noivo da moça a esperava. De repente ela inventou um teste para ele. Mandou sua amiga na frente gritando, "Leão, Leão!" O noivo saiu correndo para socorrer sua noiva. Quando o missionário ouviu, perguntou: "Como chama o sentimento que levou o noivo a arriscar a sua própria vida para a noiva?" Na resposta veio a solução que procuravam. "Why, ele tinha os seus interesses no seu coração!" Traduziram, em todos os lugares onde aparece "amor,"--"Porque Deus tinha os interesses do mundo no Seu coração. . ."

Em Efésios 1:22-23 Cristo foi dado à Igreja para que a esperança, a glória, e a força do poder de Deus pudessem ser manifestos ao mundo em que Deus está interessado. Efésios 3:21 pede que a glória seja dada a Deus "na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém." A Igreja tem que enxergar o mundo com os olhos e o interesse do seu Senhor. O amor de Deus nos constrange a alcançar os necessitados e os não alcançados; a ordem de Deus é clara para todos que fazem parte do corpo de Cristo.

2. A Ordem de Deus[1]

J. O. Fraser era um marcante exemplo de obediência à ordem de Deus. Um bonito e rico moço inglês, ele estava com a vida feita. Recém-formado com honras na sua turma de engenharia, organista e pianista destacado, além de atleta e escalador de montahas suíças, ele tinha toda a perspectiva de uma vida elegante e próspera pela frente. Mas um dia ele leu um pequeno folheto escrito pelo missionário na China, Hudson Taylor. As palavras lhe arderam o coração:

É certo isso? Diante de Deus, diante das realidades da eternidade, é certo? Um mandamento foi dado: "Ide por todo mundo, pregai o Evangelho a toda a criatura." Isto não tem sido obedecido. Mais do que a metade das pessoas do mundo ainda não ouviu o Evangelho. O que dizemos sobre isto? Certamente é uma consideração que pertence a nós Cristãos, pois somos os responsáveis e mais ninguém. Os anjos não são responsáveis, porque Deus não falou para eles pregarem o Evangelho aos perdidos. Nem Deus espera que pessoas não convertidas levem as Suas Novas a eles. Ele espera que os Seus discípulos o façam.

O privilégio de levar a mensagem salvadora não foi concedido aos outros. A ordem foi confiada exclusivamente a nós. O que, então, poderíamos dizer se nosso Mestre voltasse hoje e descobrisse que, depois de 19 séculos, mais do que a metade do mundo continua totalmente sem o Evangelho? "O Evangelho a toda a criatura"--uma ordem clara. Milhões nunca O ouviram--um fato simples. O que vamos dizer? O que mesmo? Eu, por mim, estou totalmente sem noção em pensar o que poderíamos dizer. Depois de cogitar sobre esta questão, tentando buscar em todas as direções uma desculpa razoável, sou obrigado a desistir. Se nosso Mestre voltasse hoje para descobrir milhões de pessoas sem o Evangelho e pedisse uma explicação, não posso imaginar a explicação que nós poderíamos dar a Ele.

Duma coisa estou certo--que a maioria das desculpas que costumamos dar agora, com tão boa consciência, vão nos envergonhar naquele dia. O, não medimos o significado, que nossos semelhantes tão facilmente alcançados, em perfeitas condições de entenderem a mensagem do amor redentor de Deus, e com tão grande necessidade de ouví-la, estão ainda abandonados aos milhões, a perecer.[2]

J.O. Fraser virou as costas àquela vida que, aos olhos humanos, era de sucesso, e aceitou o desafio. Para ele era lógico que nada havia de mais importante nesta vida do que obedecer, proclamando o Amor de Deus para aqueles que nunca poderiam ouvir se ele não o levasse. Ele despediu-se da carreira, das diversões, do dinheiro e da sua família e amigos, e foi para um dos lugares mais tenebrosos e esquecidos deste mundo--as tribos das altas montanhas do interior da China. Ali, ele ganhou milhares para Jesus. Ele tinha entendido a prioridade de obedecer o seu Senhor e ser Seu discípulo onde Ele o mandasse. J.O. Fraser é um exemplo entre milhares, de um homem que em vez de construir pontes e prédios, foi construir a própria casa de Deus!

Quando Jesus estava aqui na terra, Ele escolheu doze homens--os primeiros construtores da Sua Igreja. Estes principais e algumas outras pessoas O seguiram. Ele vivia, comia, viajava, trabalhava, e compartilhava com eles dia após dia. Eles viram os milagres, o amor, o sofrimento e finalmente a maravilhosa ressurreição de Jesus. Jesus levou os Seus discípulos passo a passo ao entendimento dos propósitos que tinha para o mundo e para as suas vidas. Depois de tudo, no último dia em que Ele esteve com eles fisicamente, deu-lhes aquelas importantes palavras finais:

Toda a autoridade Me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação dos séculos. (Mt 28:18-20).

Nestas palavras, Jesus chega ao apogeu do Seu ensinamento aos discípulos--o capítulo final e ao mesmo tempo o prefácio da história das suas vidas em conjunto.

Jesus não diz estas palavras apenas aos homens e mulheres reunidos naquele último dia. Ele diz "até à consumação do século." Hudson Taylor e J. O. Fraser foram incluidos. Nós também. A ordem é para todos. Nestes versículos e em toda a Bíblia podemos ver o propósito de Deus atraves do Seu povo para o mundo.

A Natureza de Deus

Na Bíblia há uma visão geral de quem é Deus. Verificamos que na própria natureza de Deus existe o imperativo de missões. Ele, sendo amor, tem que revelar-Se ao homem e salvá-lo; sendo universal, Ele penetra em todos os lugares; sendo luz, clareia toda a escuridão; e sendo único, todos Lhe pertencem. Na própria personalidade de Deus há o imperativo missionário.

As Alianças

Além disso, as Alianças no Velho Testamento demonstram a intenção clara de Deus de alcançar todas as nações. A promessa do Salvador em Gênesis 3:15 foi dada aos pais de toda a raça humana. A aliança com Noé incluiu seus três filhos, não somente a Sem. Abraão foi escolhido para ser o pai duma nação com propósito universal. É esclarecido mais ainda na aliança com Moisés que Israel era um povo escolhido de Deus para SERVIR entre as nações (Is 40-44), e para ser SACERDOTE de Deus no mundo (Ex 10:4-6). Finalmente, os resultados da aliança com Davi e Salomão mostram sua amplitude mundial. A idéia central dos Salmos é que Deus merece o louvor de toda a criação, e na dedicação do Templo, Deus declarou o Seu desejo de que todos O conhecessem (1 Rs 8:43, 60).

Os Profetas

Os profetas também comunicam o grande desejo de Deus de alcançar o mundo todo. Sofonias 1:2-3 fala que todas as nações vão ser julgadas--por isso precisam do Salvador. Habacuque 2:14 esclarece nitidamente o propósito missionário de Deus: "Pois a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar."

Jonas, Amós, Isaías e Miquéias são exemplos de como Deus ansiava mostrar-Se para as nações que Lhe pertencem. Ele escolher Israel para ser o caminho do Seu conhecimento. O Velho Testamento está repleto do conceito missionário de Deus em querer anunciar Seu amor e Sua mensagem de Salvação a todos os povos.

O Novo Testamento

O Novo Testamento, então, é até bem mais explícito em revelar o plano missionário de Deus no mundo. Já falamos da suma importância dada por Jesus às missões. Desde as geneologias, as profecias de Maria e Simão, os primeiros passos de Jesus em alcançar aqueles que ainda não ouviram (Mc 1:35-39), e o treinamento transcultural e teológico dos Seus discípulos podemos ver o mundo todo incluido nos propósitos de Deus. Ele preparou e enviou missionários, uma obra que se não tivesse sido realizado, não teríamos a maior parte do Novo Testamento hoje. Atos é a história dos primeiros passos da expansão da Igreja. Nas Epístolas e em Apocalipse, o fruto de missões se revela--em igrejas plantadas no mundo então conhecido, em discípulos ganhos e preparados para levar o Evangelho para frente, e em pessoas de todas as nações, tribos, e linguas diante do Trono de Deus, O glorificando, lavados no sangue de Jesus.

A Bíblia Inteira

A Bíblia inteira enfoca o propósito de Deus de Se revelar a todos os povos na face da terra através do Seu povo, seja Israel ou a Igreja. A Bíblia não contém missões; missões é central na Bíblia.

Nem todos podem ser missionários transculturais, indo para outras terras como Paulo, Hudson Taylor, ou J.O. Fraser, mas todos que se chamam discípulos de Jesus Cristo devem participar no sustento e no apoio do trabalho missionário. Cada igreja local deve se preocupar em preparar e escolher alguns dos seus membros para irem, sempre orando por eles e pelos outros. Missões precisa de recursos financeiros e de pessoal. Se é ordem de Deus, e se temos recebidos os frutos do amor de Cristo, não devemos medir qualquer sacrifício pessoal ou com igreja local para levar em frente nossa obediencia. Quanto a isso, uma interessante correspondência imaginária nos chama a atenção:[3]

Queridos Cristãos,

Fui autorizado por Deus para entregar-lhes este recado. É para vocês irem aos povos no mundo inteiro para chamá-los a serem meus discípulos. Devem batizá-los e ensiná-los a obedecer a tudo quanto tenho dito a vocês.

Não esquecem, estarei sempre junto para ajudá-los, mesmo até no fim do mundo. Nunca abandonarei vocês porque eu os amo. Por favor, não me abandonem.

Com todo meu amor,

Jesus Cristo

Querido Jesus Cristo,

Recebemos o Seu recado. Sua proposta é interessante e desafiante. Contudo, por causa de ser pouco o nosso pessoal, e de tamb´m estarmos tendo sérios problemas de ordem financeira e pessoal, não sentimos que agora podemos atender ao Seu pedido.

Um comitê foi nomeado para estudar o Seu plano e a viabilidade do mesmo. No futuro apresentaremos as conclusões para a congregação. Pode deixar que daremos a devida atenção ao assunto, e as nossas diretorias levarão em consideração o que foi apresentado para medidas futuras.

Apreciamos Sua disposição de ser nosso consultor e, se no futuro começarmos a trabalhar neste sentido, entraremos em contato com o Senhor.

Cordialmente,

Os Cristãos

Vamos nós atender á ordem de Deus. No avanço missionário vamos todos juntos emplementar o Seus grande e maravilhoso plano de espalhar o Seu Amor e Sua Salvação entre todos os povos e nações!

3. As Necessidades do Mundo

As maiores necessidades das pessoas no mundo todo se resumem no fato que são separadas de Deus, oprimidas por Satanás, pelo pecado, e pelo egoísmo de cada um. Efésios 2:1-3 descreve um estado sem solução humana:

. . . estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, no quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como também os demais.

Não é difícil exemplificar a condição humana. A maldade que nos cerca, a injustiça, o índice de criminalidade cada vez aumentando, o roubo em todos os níveis da sociedade denunciam a verdade. Aborto livre, homossexualismo aberto, aproveitamento maldoso de trabalhadores, dishonestidade, e, no meio de tudo, muitos Cristãos que querem apenas seu próprio conforto e segurança. Espíritismo crescente e dominador, a destruição da natureza, falta de consideração para com outros, poluição fatal do meio ambiente, e muitos outros sintomas que são mais que evidentes bem na nossa frente. Se fossemos olhar para outras nações, a lista seria a mesma com adaptações culturais em cada lugar. A religiosidade brutal na India, o materialismo e egoísmo do "Primeiro Mundo," o ateismo do comunismo, a exagerada opressão da maioria das pessoas nas Filipinas, Etiópia, Uganda, Bangladesh, e muitos outros lugares. O mundo chora para ser liberto, mas sem Cristo não há esperança.

Paulo descreve o mesmo quadro nos primeiros capítulos de Romanos. Primeiro, ele retira qualquer dúvida de que o homem poderia ser innocente diante de Deus. Deus Se revelou claramente ao homem, mas o homem (falando coletivamente) rejeitou este conhecimento, escolhendo em vez disto os seus próprios caminhos, não reconhecendo, agradecendo, ou glorificando Deus. A consciência do homem se cicatrizou, se tornou nulo. Todos, então, tiraram a glória de Deus e colocaram em si mesmos--na natureza e a criação. Em vez de olhar para O Criador, ele olhou para o que foi criado, e começou louvar as coisas, os homens, o sol, lua, animais, dinheiro, sucesso, poder, fama, reputação, até a religião. Mesmo as pessoas "bondosas" que sempre parecem estar ajudando outros, também saíram do caminho do Senhor do universo se não forem fazer para a glória de Deus, ou se estão apenas servindo "a humanidade." A conclusão de Romanos 1-3 está em 3:9-23:

. . . pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado;

Não há justo, nem sequer um,

não há quem entenda,

não há quem busque a Deus;

todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis;

não há quem faça o bem, não há nem um sequer. (. . .)

Não há temor de Deus diante de seus olhos. (. . .)

. . . todo mundo seja culpável perante Deus, (. . .

. . . pois todos pecaram e carecem da glória de Deus.

Gálatas complementa isto em 3:22, "Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que mediante a fé em Jesus Cristo fosse a promessa concedida aos que crêem."

Nos outros volumes deste livro podemos ver quantas pessoas não tem colocado a fé em Jesus Cristo. Há 500 milhoes de Cristãos verdadeiramente discípulos do Senhor no mundo. Um ponto dois bilhões se chamam de Cristãos, mas são assim apenas em nome--Cristãos nominais. Pessoas dentro do alcançe dos Cristãos são 1.4 bilhoes. Eles não aceitaram Cristo como Salvador, e não se declaram nem Cristãos nominais, mas podem ouvir o Evangelho na sua lingua e cultura. Os que nunca ouviram, e estão sem possibilidade no momento a ouvir, são 2.2 bilhões, ou 12.000 grupos êtnicos.[4] Eles podem ter algumas palavras sobre Jesus, mas sem entendimento real. Incluido neste número é um quarto do mundo que nunca ouviu, e não conhecem nada de Cristianismo. Estas pessoas precisam do Evangelho e toda transformação que o Evangelho traz dando paz com Deus e com os outros. O Espírito Santo impulsiona e equipa os membros das igrejas para que possam recebê-lo.

4. O Impulso do Espírito Santo

"Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra. (At 1:8)

Jesus pediu que Seus discípulos esperassem em Jerusalém até que fossem revestidos do poder do Espírito Santo (At 1:4). Em Atos 1:8 Ele explica para eles que o Espírito os levaria a evangelizar. No grego, não era uma ordem e sim uma declaração indicativa, explicando que, após serem cheios do Espírito Santo, os discípulos iríam ser levados a testemunhar da sua fé em todos os lugares do mundo.

Depois de dez dias, o Espírito Santo veio, transformou-os e realmente os levou a arriscarem as vidas ao testemunharem em Jerusalém, Judéia, Samaria e até os confins da terra daquela época. Pedro levantou-se e proclamou que o povo tinha crucificado a Jesus injustamente e os convidou ao arrependimento. Pouco tempo depois, Pedro foi impelido pelo Espírito a ir para a casa de Cornélio, um inaceitável gentio.

Os samaritanos também receberam a mensagem pelo trabalho do Felipe. As barreiras religiosas e raciais começaram a ruir. Os Samaritanos, o Eunuco, Cornélio, e depois os gentios da região de Antioquia aceitavam Cristo como Senhor. A tradição diz que os outros apóstolos também saíram para outros lugares. Tomé, vendido como escravo, foi até a India onde serviu e ganhou certo Rei Gundaforus (recentemente uma moeda foi descoberta com o nome deste rei inscrito na face, juntamente com uma data que indicava ter ele reinado antes de 100 A.D.). A Igreja Tomista na India diz que é o fruto permanente do esforço do Apóstolo Tomé. Outros foram para Africa, Asia, Oriente Médio, e Europa.

O número de missionários aumentou. Paulo e Barnabé, Silas, Tito, Timóteo, e Lucas foram induzidos pelo Espírito Santo a andarem por toda parte do Império Romano, levando as Boas Novas. Perseguições, comércio, e a política foram ventos usados pelo Espírito a espalhar o Evangelho por toda parte. O Espírito Santo veio, encheu as vidas e levou-as a serem testemunhas conforme a Sua vontade.

O Espírito Santo não parou após os primeiros três séculos quando a maioria dos crentes eram testemunas fiéis ao seu Senhor. Depois de 313 A.D., a oficialização do Cristianismo começou a enfraquecer a Igreja, mas o Espírito Santo ainda continuou Seu trabalho de Missões Mundiais. A Igreja em geral começou a esquecer-se de missões, como se fosse a opção de menor importância, mas o Espírito Santo chamou a alguns que O estavam ouvindo. Patrício O encontrou enquanto era um jovem escravo na Irlanda. Ele conseguiu escapar do cativeiro porem mais tarde voltou à terra de sua escravidão. Ele ganhou milhares para Cristo e iniciou um movimento de missões que durou séculos. Discípulos de Patrício foram até a ilha de Iona, depois à Escócia, ao norte da Inglaterra, e Europa. Bonifácio, influenciado em parte pelo trabalho de Patrício três Seculos depois, tambem ouviu a voz do Espírito Santo. Em 716 A.D., ele deixou a sua casa na Inglaterra para ir à Frísia e à Alemanha. Ali encontrou um animismo arrojado que se centralizava no louvor ao deus Tor, que supostamente habitava numa grande àrvore. Bonifàcio percebeu que não teria chance de convencer o povo da região do poder de Deus se não derrubasse o poder dos principados e potestades. Com um machado nas mãos, bonifácio pisou naquele lugar "sagrado" e começou a cortar a àrvore. O povo se ajuntou, apavorado, gritando e xingando. Mas Bonifácio continuou sua obra, certo de que Deus estava ao seu lado. A árvore tombou, e Bonifácio, vibrante, anunciou o Deus verdadeiro.

Houve muitos outros, alguns conhecidos, mas a maioria sem reconhecimento humano. Cirílio e Metódius traduziram a Bíblia para a região da Bulgária; e, contrário ao espírito das Cruzadas, Raimundo Lull tentou ganhar os muçulmanos pelo ensino e demonstração do amor de Deus. João Eliot e Davi Brainerd deram suas vidas entre os índios norte-americanos. Estes foram alguns dos missionários que se destacaram durante os séculos de escuridão na vida missionária da Igreja.

Os dias de escuridão foram marcados pelo Senhor; tinham que ter seu fim. Em 1727 Ele derramou Seu Espírito Santo sobre um grupo de pietistas na fazendo da Conde Zinzendorf na Alemanha. Este grupo, os moravianos, penetrou em cinco continentes num período de 20 anos depois do avivamento no seu meio. Assim começou um novo impulso de missões mundiais. Muitos moravianos morreram, mas muitos outros tomaram os sues lugares. Dois moços demonstraram o espírito dos moravianos quando se venderam como escravos para poderem alcançar os escravos de uma ilha distante e fechada para missionários. As vidas e os escritos dos moravianos influenciaram João Wesley, William Carey e muitos outros.

Depois dos moravianos, iniciou-se a Idade Moderna de Missões. William Carey, desafiado pelo exemplo deles, foi para a India em 1793. Depois de anos de luta e sofrimento pelas doenças, pela pobreza e pelos reveses, Deus multiplicou o esforço de Carey, usando-o para traduzir a Bíblia em 35 línguas e dialetos indianos, começar uma faculdade cristã, e implantar a Igreja de Jesus Cristo na India. Ele também ajudou em muitas outras coisas, como an abolição da prática de "sati", onde as viúvas eram obrigadas a serem cremadas junto com seus maridos falecidos.

Adoniram Judson foi o primeiro norte-americano a ir para o exterior, passando anos de luta na Birmânia antes de ganhar o primeiro birmanês para Jesus. Ele também deixou uma marca permanente, traduzindo a Bíblia e estabelecendo uma igreja.

Moffatt, Livingstone, Martyn, Morrison, foram outros pioneiros de valor entre centenas de indivíduos que deram suas vidas em obediência à chamada do Espírito Santo.

Hudson Taylor foi para a China e em 1865 estabeleceu uma nova missão no interior do País. Com ele, mais um impulso foi dado para o crescimento do trabalho missionário. Ele rejeitou os métodos tradicionais de outros missionários nas cidades confortáveis na costa da China, e começou a identificar-se com os costumes do povo. Usava a roupa, e a comida dos chineses; cortava seu cabelo e contruiu sua casa e igrejas conforme o estilo chinês. Mesmo fraco e muitas vezes doente, Taylor penetrou com seus missionários até às regiões interiores da China, enfrentando toda dificuldade com compaixão e paciência.

Homens e mulheres, chamados e equipados pelo Espírito Santo, têm levado a tocha do Cristianismo verdadeiro até quase todos os países. Em 1780, fora da Europa e da América do Norte só existiam 0,5% dos evangélicos do mundo. Em 1910 eram 6,0%. Agora, em 1989, encontra-se 65% na América Latina, na Africa, na Asia e na Oceania.

A Bíblia foi traduzida para 1000 línguas somente depois de 1896, quando William Cameron Townsend nasceu e depois fincou mais uma estaca no movimento missionário. Townsend ouviu um índo perguntar: "Se o seu Deus é tão grande, por que não sabe falar a minha língua?" e resolveu não somente traduzir a Bíblia para a língua daquele índio como também para a língua de qualquer povo que ainda não a tivesse.

Milhares de missionários estão agora trabalhando nos mias variados campos. O Espírito Santo, que chamou obreiros durante 2,000 anos, ainda os está os convocando. A Igreja existe justamente por causa desta chamada que se torna cada vez meis urgente. A voz do Espírito Santo está impelindo a Igreja a levar o Evangelho de Jesus Cristo para a glória de Deus.

5. A Glória de Deus

Aos quinze anos eu já me preocupava muito com missões mundiais. Eu queria ser missionária, e queria, especialmente por isso, orar em favor do mundo e em favor dos missionários. Mas era muito difícil. Não conhecia nenhum africano ou indiano para poder sentir a necessidade dele ou a situação real dos missionários nos seus campos. Permaneci assim até que um dia uma carta de uma missionária na Africa chegou às minhas mãos. Dizia mais ou menos assim:

Sim, estamos aqui no centro da Africa porque as almas estão perdidas e preciasm ouvir do Salvador. Sim, estamos aqui porque Deus nos mandou e o Espírito Santo nos impulsionou para vir. Mas há uma razão mais importante que nos leva a ficar e continuar a batalha aqui. É o fato de que Deus é digno de todo louvor e honra aqui na Africa., Ele merece ser glorificado aqui! Estamos aqui trazendo a glória de Deus para as pessoas presas pelo diabo e suas hostes. É Satanás que, por enquanto, recebe a glória aqui, mas é a Deus que tudo é devido![5]

As orações sobre missões mudaram naquele dia. (Não somente sobre missões, mas sobre tudo na vida.) É para Deus que as nações têm que ouvir e aceitar como Senhor, nosso Deus. Só assim Ele receberá a glória.

A Bíblia é rica em nos mostrar a importância da glória de Deus a ser manifestada entre todos:

Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor todas as terras. Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome; proclamai a sua salvação, dia após dia. Anunciai entre as nações a sua glória, entre todos os povos as suas maravilhas. Porque grande é o Senhor e mui digno de ser louvado, temível mais que todos os deuses. Porque todos os deuses dos povos não passam de ídolos; o Senhor, porém, fez os céus. Glória e majestade estão diante dele, força e formosura no seu santuário. Tributai ao Senhor, ó família dos povos, tributai ao Senhor glória e força. Tributai ao Senhor a glória devida ao seu nome; trazei oferendas e entria nos seus átrios. Adorai ao Senhor na beleza da sua santidade; tremei diante dele todas as terras. Dizei entre as nações; Reina o Senhor. ele firmou o mundo para que não se abale, e julga os povos com equidade. Alegrem-se os céus, e a terra exulte; ruja o mar e a sua plenitude. Folgue o campo e tudo o que nele há; regozijem-se todas as árvores do bosque, na presença do Senhor, porque vem, vem julgar a terra; julgara o mundo com justiça e os povos consoante à sua fidelidade (Salmo 96).

Direi naquele dia: Dai graças ao Senhor, invocai o seu nome, tornai manifestos os seus feitos entre os povos, relembrai que é excelso o seu nome. Cantia louvores ao Senhor, porque fez cousas grandiosas; saiba-se isto em toda a terra. Exulta e jubila, o habitante de Sião, porque grande é o Santo de Israel no meio de ti (Isaías 12:4-6).

E para que os gentios glorifiquem a Deu por causa da sua misericórdia como está escrito: por isso eu te glorificare entre os gentios, e cantare louvores ao teu nome. E também diz: Alegrai-vos, os gentios, com o seu povo. E ainda: louvai ao Senhor, vós todos os gentios, e todos os povos o louvem (Rm 15:9-11).

Nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as cousas conforme o conselho da sua vontade, a fim de sermos para louvor da sua glória (Ef 1:11, 12b).

Estes textos, entre muitos outros, demonstram o desejo forte de Deus em comunicar a Si mesmo aos homens. Ele quer manifestar o Seu caráter--sua glória e majestade. Quem ama, comunica, e Deus sabe que, como Criador e Deus sobre tudo, o homem só pode se realizar quando ele reconhecer quem é seu Deus. O homem está sem propósito e sem vida real até que ele aceite e honre o próprio Deus do universo. A Bíblia diz que há apenas um caminho para poder fazer isto. É Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus. Ele veio em carne, morreu como propiciação e sacrifício para pagar o preço do pecado do homem e ressuscitou dentre os mortos para dar vida eterna e abundante. A maior manifestação da glória de Deus é Jeus. Quando O aceitamos pela fé, O glorificamos. Quando andamos em obediência, O Glorificamos. Quando anunciamos a glória e a Salvação dEle, O glorificamos. Quando entramos, como luzes, no meio das trevas, O glorificamos. Quando as trevas dissipam sobre as pessoas e ajudamos "Abrir os olhos e convertê-las das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam elas remissão dos pecados e herança entre os que são santificados pela fé. . ." (At 26:18), estamos glorificando nosso Deus.

Como podemos querer servir ao Senhor e ignorar as multidões que não estão glorificando o Senhor? De que tipo de igreja fazemos parte, se nem "ligamos" para as vastas regiões não conquistadas, mas ainda sob o poder de Satanás, o destruidor das almas?

Para a glória de Deus, vamos começar pôr em ordem nossas prioridades, nosso dinheiro, nossos interesses próprios. Vamos começar a nos mobilizar para o grande avanço dos últimos dias! Jesus vem, mas antes todas as nações vão ouvir. "Como ouvirão se não há quem pregue. E como pregarão se não forem enviados?" (Rm 10:14-15). E como serão enviados se as igrejas de Jesus Cristo estão acomodadas e só preocupadas com sua própria situação? Vamos abrir nossos olhos e ver a ceara que é grande, mas ainda com poucos trabalhadores.

A Bíblia é clara quanto a vida do Cristão--indo, contribuindo, e orando, vamos obedecê-la.



[1]Algumas partes deste estudo foram publicadas na revista Ação , vol. 3, nº 2-6, Cruzada Estudantil e Profissional para Cristo.

[2].............Beyond the Ranges

[3]The Wider Look (Outubro-dezembro de 1982), transcrita de Brown Gold, uma revista da Missão Novas Tribos.

[4][4]Estas estatísticas são tiradas da revista World Evangelization, vol 16, Nº 61 (set-out, 1989), capa.

[5]Anna Best, missionária da Conservative Baptist Foreign Mission Society.



FONTE: http://www.preparomissionario.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=59:5razoes-missoes&catid=34:artigos&Itemid=63

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Analzira e o seu chamado

Analzira fala do chamado dela em África: Amor e dor
"Quero ir para a faculdade, quero ser missionária, quero trabalhar para Deus. Por que vi o que Deus estava fazendo em minha família e eu precisava contar isso para outras famílias... Até que no fim do meu curso eu sabia que queria ser missionária"
"Doei a minha vida para qualquer coisa na África, até mesmo morrer."

sábado, 24 de outubro de 2009

"Deus precisa de um instrumento para levar sua graça, amor e esperanças as pessoas."
"A graça de Deus pode manifestar-se em cada um e em cada contexto."
Antonia Leonora Van der Meer (Tonica)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Eu queria viver entre um outro povo, amá-lo, adaptar-me ao seu contexto e ser uma benção, no sentido mais abrangente possível."
"... Angola foi um caso de amor à primeira vista..."
"Em pouco tempo se cupriu para mim a promessa de Jesus "Todo aquele que deixar pais, mães,coisas... por amor de mim... receberá cem vezes mais..."Havia várias famílias nas quais eu recebia como filha"
Antonia Leonora Van der Meer (Tonica)

Livro: Eu, um missionário?

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O vocacionado e a igreja local-parte 2.doc




● Histórico / Currículo do vocacionado: Qual o chamado específico; onde atuar; qual vai ser o custo desse sustento e por quanto tempo? Quantos anos esse vocacionado tem de convertido; qual tem sido seu trabalho prático na igreja local, e caráter cristão? Qual seu nível de conhecimento teológico-doutrinário? Como está sua saúde física; psicológica; emocional e espiritual? Qual preparo profissional e educacional que este possui?

● A relevância do preparo do vocacionado:

Preparo secular.

Preparo teológico e missiológico.

Preparo psicológico e espiritual

1) Preparo secular

É importante que o obreiro tenha uma boa formação acadêmica, e diferentes habilidades, a fim de poder cooperar de forma bi-ocupacional no campo. Além disso, muitas vezes ter um trabalho profissional garante o visto de permanência no país, como justificativa por sua permanência a longo prazo.
Em alguns campos a carência é grande, necessitando de mais do que evangelização, de profissionais para socorrer as necessidades locais. Então, um obreiro mais qualificado profissionalmente torna-se útil nas mais diferentes demandas.
Ex. Missionário Gary morava na Jordânia e construía banheiros como arquiteto. A Maria era missionária, mas trabalhava como enfermeira entre os beduinos.

OBS:
a) Mesmo que os missionários trabalhem como bi-vocacionais, o alvo do campo é sempre a evangelização. Assim o trabalho “secular”, só servirá como um meio para o desenvolvimento do propósito final, que é a pregação do Evangelho!
b) Muitas vezes o missionário vai ao campo como lingüista, só para fazer a parte da equipe de tradutores da Bíblia. Deve-se levar em consideração esta necessidade. Provavelmente sua dedicação será exclusiva será neste ministério e não no discipulado.
Ex: Missionários da Wycliffe

2) Preparo Teológico e missiológico

É de fundamental importância o conhecimento teológico. A falta de preparo muitas vezes causa estragos irreversíveis. Uma pessoa que não tem preparo teológico e missiológico, não saberá plantar igrejas, ou discipular; não saberá contextualizar sua mensagem; nem mesmo argumentar contras heresias. Sua atuação será limitada e de risco para o campo.
Ex: Em Londres os muçulmanos cursam teologia para combater os cristãos.

3) Preparo psicológico e espiritual

O missionário deve estar ciente dos desafios que irá enfrentar ao longo de sua jornada. As pressões psicológicas e emocionais irão requerer de si uma estrutura saudável e madura.
É essencial que esse vocacionado esteja pronto para solidão e renuncia, principalmente os missionários solteiros. Em muitos campos, a perseguição chega ao martírio e a morte e esse é um risco há ser considerado.
Em casos onde há um maior risco de morte, a família do missionário deve estar da mesma forma consciente.
Será com uma vida de consagração e oração que este irmão (ã), irá vencer as lutas espirituais e tentações. Um missionário que não tem vida devocional será derrotado rapidamente. Trabalho integral não significa vida espiritual sólida, mas, muitas vezes mascara um mero ativismo sem propósito, e isso pode ser muito perigoso.


● Integração entre agência missionária e igreja local

A função da agência missionária é de funcionar como um canal para o envio do missionário, portanto, ela também deve ser avaliada. Alguns itens são essenciais para este credenciamento, tais como: credibilidade, experiência, alvos e estratégias, política financeira, planejamento de trabalho, termos de responsabilidade, etc.
O Conselho Missionário deve ser unânime na escolha da agência enviadora. Contudo, isto não significa que uma vez no campo, a igreja não tenha mais responsabilidades com seu missionário, ao contrário, a igreja tem o direito de saber sobre todos os procedimentos estabelecidos no campo, assim como tem por obrigação a manutenção do obreiro.
É muito importante, que a igreja receba constantemente notícias do ministério desempenhado por seu obreiro e das necessidades advindas deste trabalho, para promoção dos devidos recursos. Da mesma forma, o missionário deverá ser fiel no envio de seus relatórios e cartas, com a finalidade de manter a agência e a igreja informadas de seu trabalho.


● Avaliação complementar

O famoso teólogo John Stott costuma dizer que se tivesse apenas 3 anos de vida restante, passaria 2 anos estudando e usaria o último ano para pregar. Essa é uma lição que devemos pôr em prática na obra missionária.
Muitos vocacionados são levados por um censo de urgência sem propósito. Suas justificativas muitas vezes vêm acompanhadas de frases como: “As almas estão morrendo enquanto vocês exigem que eu estude!” Contudo, quando estamos dormindo almas estão perecendo, quando estamos tomando banho elas também estão “morrendo”, enfim, temos que ter consciência que o Salvador é Jesus e nós seus instrumentos. E como tais, precisamos estar aptos a fazer o melhor. Atualmente, dispomos de recursos que os missionários do passado não tiveram acesso, isso facilita nossa oportunidade de preparo de forma substancial. Portanto, é fundamental que haja um tempo entre a chamada recebida pelo missionário e seu envio ao campo.

● A importância do aval da igreja

No que tange a ida do missionário ao campo, é insanidade sair sem aprovação e apoio da igreja. Ela tem que ser envolvida nesse chamado e no reconhecimento do mesmo, isto é bíblico! Claro que muitas igrejas têm falhado neste compromisso, mas é menos arriscado do que simplesmente sair sem esperar o tempo certo.
A igreja deve ser comprometida em orar e contribuir com seriedade e regularidade. Por isso, tudo deve ser bem planejado antes. A Igreja é a principal responsável pelo membro a ser enviado para o Campo.


● Principais agências missionárias no Brasil

Apesar de cada agência objetivar um trabalho específico, atualmente todas se unem em sistemas de parceria. Parceria é o convênio mútuo entre agências, ou agências e igrejas, para dar suporte logístico aos missionários no campo.É fundamental neste envolvimento, conhecer a instituição enviadora em sua filosofia, alvos estratégicos, administração, captação de recursos e instrumentalização dos mesmos.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Um novo formato

Pensando em abeçoar vidas o blá blá blá Missionário terá novas postagens. Pois, tudo que queremos é despertar vidas para a obra missionária.
Rita

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Cuidando do missionário

Antonia Leonora van der Meer

“O missionário deve ser recebido com amor. Geralmente chega do campo cansado e com muitas dores a ser tratadas. Não precisa de um acolhimento de herói, mas de um ser humano querido. Que as lideranças da igreja e da missão deem assistência pastoral ao missionário, ouvindo-o, procurando saber como ele está como pessoa, quais são suas lutas e dores, em que área ele precisa de ajuda.”[Depoimento de um missionário brasileiro]


Fui despertada para a necessidade de prestar cuidado ao missionário durante os dez anos de serviço como missionária num contexto de guerra e pobreza, sob um governo marxista. Passei por vários tipos de sofrimento naquele local: malária, violência, restrições religiosas e o confronto diário com a miséria do povo. Pesaram muito a falta de um preparo específico e de um apoio adequado para perseverar. Não devemos impor às novas gerações de missionários, em contextos também difíceis, a mesma falta de apoio. Alguns obtêm crescimento nessas situações, mas outros voltam feridos.
Voltei ao Brasil com a visão de formar novos missionários e de ajudar no cuidado pastoral. Encontrei oportunidade para esse serviço no Centro Evangélico de Missões. Estamos organizando o 14º Encontro de Restauração para Missionários, que acontecerá de 27 de julho a 1º de agosto, paralelo ao 2º Encontro para Filhos de Missionários. Esses encontros reanimam e encorajam missionários de muitos contextos, igrejas e agências. Porém, a necessidade é mais ampla.Viver num contexto transcultural implica grandes pressões emocionais e espirituais. No princípio, a pessoa se sente desorientada e muitas vezes solitária. Quando volta à terra natal, se sente novamente um estrangeiro. Muitos atravessam um período de depressão nessa fase; precisam de cuidado pastoral e psicológico, e de momentos de restauração.
A 1ª Consulta sobre o Cuidado do Missionário, organizada pela Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB) e pela Associação de Professores de Missões do Brasil (APMB) foi realizada em 1999. Vários participantes ficaram inspirados e encorajados com o que ouviram e aprenderam. Foi criado o grupo de Cuidado Integral do Missionário (CIM), que procura servir missionários de qualquer campo, agência, junta ou igreja.O CIM é composto por missionários experientes, líderes de agências, pastores, treinadores e psicólogos -- pessoas que trabalham no preparo pré-campo, visitam missionários no campo, organizam encontros de restauração, praticam o “debriefing” (um ouvir focado nas experiências e lutas do missionário) e organizam consultas sobre temas do cuidado do missionário. O CIM também apoia a publicação de livros, como “O Cuidado Integral do Missionário” (Descoberta) e “Missionários Feridos -- como cuidar dos que servem” (Ultimato).• Antonia Leonora van der Meer foi missionária da IFES em Angola por dez anos e hoje é diretora da Escola de Missões do Centro Evangélico de Missões, em Viçosa, MG. É autora de Eu, Um Missionário? e Missionários Feridos.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O lugar do sofrimento na vida do missionário

Antonia Leonora van der Meer
Ser missionário é um privilégio, não um fardo intolerável carregado por uns “grandes servos de Deus”. Deus escolhe os pequenos, os fracos, as coisas loucas deste mundo para que a glória seja só dele (1 Co 1.26-29). Mas esse privilégio está ligado ao caminho da renúncia e de levar cada dia a sua cruz, seguindo a Jesus. O sofrimento já faz parte da vida de muitos missionários e, quanto mais penetrarmos nas regiões ainda não alcançadas, mais teremos contato com realidades de grande carência social e espiritual, de conflito com poderes das trevas, de violência, guerra e perseguição. Isso leva ao sofrimento do missionário e de sua família. Porém, muito mais do que isso, o confronto com o sofrimento do povo certamente vai perturbar profundamente o coração do missionário.
Como podemos enviar pessoas para lugares onde o sofrimento é uma realidade diária e muito forte? Alguns acham que isso não pode ser a vontade de Deus. Mas como foi que Deus enviou seu Filho? Com que garantia e segurança? Lembremo-nos de que Jesus disse: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo 20.21; 15.20). Isso significa correr os mesmos riscos, vencer a mesma resistência, viver com a mesma expectativa de vitória, por meio do caminho da cruz.
Como podemos descrever o sofrimento na vida do missionário? Nas horas de guerra violenta que presenciei, o que me chocou mais profundamente foi ver pessoas feridas, caídas nas ruas sem ninguém poder socorrer, e ouvir as histórias das vítimas da guerra nos hospitais. Uma mulher sem braços que perdeu a única irmã, barbaramente violentada. Crianças atingidas por balas enquanto dormiam em sua própria cama. Ver a falta de recursos e a angústia dessas pessoas era profundamente perturbador. Mas Deus precisa de um instrumento para levar sua graça, amor e esperança a essas pessoas. É o sofrimento de saber da angústia de nossa família e não poder fazer nada para tranqüilizá-la. E as coisas sempre parecem piores do que são para quem as acompanha de longe. É o sofrimento de acompanhar o despertamento espiritual, a descoberta da graça de Deus por uma pessoa, que depois aparece mutilada, morta pela própria família.
Outro motivo de sofrimento é que as pessoas põem em nós uma carga de esperança de solução para seus problemas muito além das nossas possibilidades. Às vezes nos perguntamos: “O que estou fazendo aqui? Fará alguma diferença esse pouco que posso fazer?” É claro que fará diferença! Cada vida transformada, que recupera a esperança, a alegria e a razão de viver, a consciência de sua dignidade é uma grande vitória. Mas às vezes ficamos angustiados pelo muito que não podemos fazer e que de nós é esperado.
Há também os sofrimentos relacionados com a família que deixamos para trás. Muitos lutam e têm a obrigação de deixar pessoas e ministérios que amam para dar apoio aos pais idosos que precisam de sua presença. Outros sentem-se forçados a voltar prematuramente (o coração ainda quer ficar) para não comprometer a educação e o futuro dos filhos.
Além disso, há sofrimentos evitáveis, causados pela irresponsabilidade dos que enviam sem apoio verdadeiro, sem orientação e sem fidelidade no sustento financeiro. Isso gera profundas angústias e as igrejas terão de prestar contas a Deus da maneira como tratam os seus obreiros.
Qual é a nossa responsabilidade? Não podemos enviar missionários apenas invocando a bênção de Deus e depois lavar as mãos. A obra é nossa, como igreja brasileira. Precisamos estar bem perto de nossos missionários, acompanhando-os diariamente em oração, mantendo contato por e-mail, carta, telefone, de modo responsável (há lugares onde uma carta mal orientada pode causar muitos problemas). Podemos enviar uma pessoa para visitá-los, orar com eles e ouvi-los. Devemos recebê-los com muito carinho, cuidado e atenção quando vêm de férias, para que tenham um bom descanso e renovação física, emocional e espiritual, provendo suas necessidades. (Infelizmente, ainda há igrejas que cortam o sustento durante os meses em que o missionário está no Brasil, pois entendem erroneamente que ele “já não está fazendo o trabalho missionário”.)
Assim, há sofrimentos inerentes ao modelo de encarnação deixado por Cristo, para os quais o missionário deve estar preparado. Outros tipos de sofrimento podem ser minorados e é nossa responsabilidade fazê-lo, com carinho e amor pelos que estão na linha de frente.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

O que é Missões?

Ronaldo Lidório


É um movimento salvífico e kerygmático que parte do coração e da volição de Deus, revelado nas Escrituras, onde o Evangelho é prometido, no Messias, a todas as pessoas em todas as etnias espalhadas pelo mundo. Portanto é um movimento de Deus. Eu poderia dizer que tem como principais elementos:

1. O sacrifício do Cordeiro o qual “com o seu sangue comprou, para Deus, homens que procedem de toda língua, tribo, povo e nação”;

2. O ‘dunamis’ do Espírito derramado sobre a Igreja em Atos que a capacita a comunicar esta Palavra revelada;

3. O amor do Pai que a cada dia tenta nos comunicar que “uma alma vale mais que o mundo inteiro”;

4. E a ação da Igreja como comunidade propagadora desta mensagem que salva a todo aquele que crê.

O cerne da obra missionária, portanto, não é a visão do mundo mas sim a submissão a Deus.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Missionário: um maluco, mártir, mendigo ou o quê? Por Antonia Leonora van der Meer (Tonica)*

A igreja evangélica brasileira em poucas décadas transformou-se de campo missionário em "celeiro de missões". Como a igreja está assumindo e tratando seus missionários?

MALUCO?
Fui convidada para falar sobre missões numa igreja bem viva e dinâmica. A família que me hospedou não se cansava de ouvir minhas experiências missionárias. Até que, de repente, a filha que estava para terminar o curso de medicina começou a mostrar que estava seriamente considerando a possibilidade de servir na obra missionária.
O ambiente mudou totalmente; Isso seria uma loucura! Muitos cristãos ainda consideram o missionário basicamente um maluco. Como é que uma pessoa de boa formação ou com responsabilidades dentro da família abandona tudo e todos para embrenhar-se em alguma selva entre povos tribais ou para confrontar situações de alto risco em países resistentes, onde há falta de segurança e de confortos básicos? - Missionários solteiros, tudo bem (desde que não seja meu irmão ou minha filha), mas um casal com filhos é o cúmulo do absurdo! É claro que Deus não pediria uma coisa dessas para seus filhos!, é o pensamento de muitos.
Será que Deus não pediria? O que lhe custou o seu projeto missionário? A Bíblia afirma que se trata de uma loucura de Deus: uma loucura poderosa para salvar e transformar vidas humanas. Graças a Deus pelos que aceitam ser ´os malucos de Deus´ (1Co 1: 21-29) Mas isso significa uma atitude irresponsável da parte do missionário? Ou da Igreja? Infelizmente, muitas vezes tem sido! E aí já abandonamos a categoria da loucura segundo Deus para uma loucura humana, irresponsável. Isso acontece quando o missionário é enviado com um espírito ufanista, sem o preparo espiritual, bíblico, missiológico e pastoral adequado.
Quando ele ou sua igreja se sentem auto-suficientes, não precisam de ajuda ou orientação, nem de missionários mais experientes, nem de líderes cristãos nacionais. Assim, o missionário é enviado para ser benção, mas nem sempre será. Mas existe outra irresponsabilidade ou loucura injustificável e pecaminosa que nossas igrejas têm praticado. Enviam o missionário com a benção da igreja, que se orgulha em divulgar que sustenta ´X´ missionários.
Mas, de repente, surge um projeto de construção ou outra necessidade urgente que demanda toda a atenção. Ora, o missionário é pessoa de fé, Deus cuida dele e a igreja abandona seus missionários no campo. Será que o pastor também não é homem de fé? Por que, então, tal atitude inconseqüente? O missionário enfrenta dificuldades, às vezes problemas de saúde, falta de recursos básicos, falta de explicações e comunicação, dívidas. Como resultado, surge uma profunda crise.
Às vezes trata-se de uma pessoa que se adaptou bem ao campo, progrediu no estudo da língua nacional, relacionou-se bem com os nacionais e acaba sendo derrotada por esse abandono! Gostamos de falar em guerra espiritual, mas abandonamos nossa tropa de elite, nossos comandos no campo de batalha, sem orientação, sem recursos, às vezes feridos, sem qualquer cuidado! Nenhum exército humano faria isso. Outra manifestação dessa inconsistência acontece no momento em que o missionário põe os pés de volta no Brasil: Voltou do campo? Deixou de ser missionário. Acabou o sustento!
Um tremendo contraste com empresas e governos, que enviam funcionários para servir em outras culturas ou situações de risco, e sempre oferecem uma série de compensações. Mas, no caso dos nossos missionários, se o sustento não acaba por completo, geralmente diminui consideravelmente, afinal ´o missionário é uma pessoa simples, chamada para sofrer´... Não nego que muitos sejam chamados para sofrer. Mas esse sofrimento não deveria ser causado pela igreja que o envia e sustenta, mas pelas condições do contexto de vida do local onde trabalha.
É triste saber que missionários brasileiros voltam prematuramente do campo muito mais por causa da falta de preparo, de sustento e de apoio pastoral adequados, e por problemas de relacionamento com os que os enviam, do que por problemas de ministérios ou de relacionamento com as pessoas a quem servem, mesmo em países considerados de alto risco.

MÁRTIR?
Missionário?! Para mim é um ser muito mais santo, uma pessoa chamada para sofrer. É alguém que não se preocupa com as coisas do mundo, despojado. Um verdadeiro mártir! É assim que muitos vêem o missionário. Um ideal que pode ser admirado e colocado num pedestal, não um modelo para ser seguido. E é claro que uma pessoa que está no pedestal não precisa de minha ajuda e compreensão. Está ali para ser admirada (ou apedrejada).
Muitos missionários voltam dos campos emocionalmente exaustos, confusos, quebrantados, precisando muito de um tempo de renovação, cuidado e repouso. Mas são recebidos ou como heróis, como um programa lotado de compromissos, ou sem nenhuma atenção.
A igreja deveria ser a família onde fossem recebidos com amor, carinho, cuidado, interesse neles como pessoas e não só no trabalho que realizam. Há cristãos que, quando ouvem relatos de crises tremendas ou encontram o missionário doente, magro e exausto, aplaudem: Esse é um verdadeiro missionário! Mas, quando o mesmo missionário passa por uma fase mais tranqüila, facilmente surgem críticas e desconfianças: Ele fica viajando por aí com nosso dinheiro... Que trabalho realmente está fazendo? Parece até que está passando muito bem! O que significa mártir? Vem da palavra `ser testemunha´, `dar testemunho´. Mas aí o martírio não é privilégio só de missionários, e sim de todo cristão verdadeiro... O que vemos na igreja primitiva? Certamente houve alguns mártires que morreram pelo seu testemunho. Mas a maioria deles recebia vários tipos de apoio de igrejas e irmãos, e não buscava o sofrimento.
Este vinha sem ser convidado, muitas vezes inspirado, e era enfrentado com fé e coragem pelos discípulos de Jesus, que até se sentiam honrados por sofrerem pelo seu nome. Será que estou defendendo a volta de uma busca do martírio? Não! Mas se não estamos dispostos a encarar seriamente essa possibilidade como conseqüência de nosso ministério em situações de crise, teremos de abandonar muitos dos campos missionários mais carentes. No século 19, muitos missionários iam ao continente africano sabendo que havia um alto risco para suas vidas.
Oitenta por cento morriam de malária, doença que ainda tem matado alguns jovens missionários brasileiros na África. Isso é doloroso, mas não significa o fim de nossa responsabilidade. Mais difícil é a situação em muitos países, onde o fundamentalismo religioso vê o cristão como ameaça à sua cultura, família ou nação. Tem havido muitos martírios, a maioria de simples cristãos nacionais, dispostos a arriscar suas vidas no seu testemunho (martírio), muitas vezes sobrevivendo com salários ínfimos.

MENDIGO?
Ainda outros vêem o missionário como mendigo: Na minha igreja, missionário não prega! Um visitante estrangeiro, a quem um pastor foi constrangido a ceder o púlpito, transmitiu a mensagem de Deus e, para surpresa do pastor preconceituoso, não pediu nada. Não estava ali para pedir. Podemos perguntar mais uma vez: por que o pastor é digno de salário decente, plano de saúde, auxílio para transporte, etc., e o missionário é obrigado a `pedir esmolas´ para o seus sustento? Pessoalmente, dou graças a Deus porque nunca precisei pedir pelo meu sustento.
Os próprios líderes da Missão escreveram algumas cartas e igrejas e irmãos se manifestaram com boa disposição para ajudar no meu sustento, muitas vezes fontes inesperadas e fiéis. Nunca faltou nada. Mas o missionário que é convidado para se apresentar com carta de sua agência missionária com vistas a levantar sustento para o seu ministério não deveria se sentir e muito menos ser tratado como mendigo. Ele não é um peregrino solitário, mas um enviado, um embaixador, em primeiro lugar de Jesus Cristo, mas também da igreja.
Missões é sempre um ministério participativo, nunca uma tarefa isolada de um excêntrico. Conheci uma missionária que, depois de vários anos de ministério frutífero no exterior, passou um tempo no Brasil para mais treinamento. Ela sofria com dor de dente, mas não tinha coragem de compartilhar essa necessidade com sua igreja, com medo de ouvir: “Lá vem nossa missionária pedir de novo!” A igreja deveria providenciar este e outros cuidados naturalmente, livrando seus missionários de tal constrangimento.
Por outro lado, a igreja não deve ser ingênua, como muitas vezes tem se mostrado. Há missionários com boa lábia, que despertam as emoções e levam as pessoas a contribuir. Estes, nem sempre têm um bom testemunho no campo. Há outros que são fiéis e respeitados no seu ministério: são mais humildes na apresentação e, por isso, são esquecidos. De qualquer forma, parece ser algo extraordinário, não normal, contribuir com o sustento missionário. A igreja deve saber também que é muito melhor sustentar alguns, com um compromisso integral de intercessão e cuidado pastoral, que dar esmolas a muitos. Uma igreja com coração missionário recebe bem seu missionário que vem de férias e o ajuda a conseguir moradia, cuidados de saúde, apoio pastoral, um lugar para descansar. Muitas igrejas ainda não têm essa visão. Assim, muitos missionários voltam ainda mais arrebentados para o campo.
Uma vez fui convidada insistentemente (quase forçada) para ir numa grande reunião de senhoras de muitas congregações diferentes. Estava com pouco tempo, mas cedi ao convite. Quando chegou o momento para o testemunho missionário, a dirigente falou: Tem uma pessoa aqui que veio nos pedir uma coisa. Vamos lhe dar dois minutos? Sentindo-me humilhada, consertei: Não vim pedir nada. Fui convidada para dar um testemunho. Se me ouvirem pelo menos cinco minutos, disponho-me a falar.
Soube que, numa grande conferência cristã na Inglaterra, alguém fez um apelo para que os participantes guardassem os saquinhos de chá usados para doar aos missionários. No dia seguinte, por toda parte, viam-se saquinhos secando ao sol. Por que não pensaram em usar duas vezes o mesmo saquinho de chá e enviar saquinhos novos para os missionários? Em várias igrejas, tenho pedido roupas e calçados usados e literatura evangélica para ajudar os irmãos angolanos.
Muitas estão dispostas a dar, mas não a selecionar, empacotar e, muito menos, ajudar nos custos de transporte. É sempre uma feliz surpresa quando uma igreja ou pessoa prontificam-se não apenas a doar, mas também a enviar as doações.

OU O QUÊ?
Afinal, quem é o missionário? É um ser humano, pecador, que comete erros, mas que foi salvo pela graça. É um ser humano vulnerável, que vive pressões muito maiores que as de cristãos que ficam em casa, e geralmente, têm muito menos estruturas de apoio. É um ser humano seriamente comprometido com o reino de Deus, disposto a abrir mão de muitos confortos, segurança e relacionamentos para obedecer ao seu chamado de amar e servir um povo diferente.
É um ser humano que precisa de pessoas que procurem compreendê-lo, interessar-se em seus problemas, dores, projetos, sonhos e frustrações. É um ser humano muitas vezes deslocado, desorientado, confuso, cansado, precisando de repouso, restauração de forças e amizade sincera. O que vamos fazer com ele?

* Antonia Leonora van der Meer (Tonica) foi missionária durante dez anos em Angola e agora trabalha na formação e no cuidado pastoral de missionários, no Centro Evangélico de Missões (CEM), em Viçosa, MG.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Não envie missionário



Josileia Ferreira Neves

Não envie missionário se fores esquecê-lo
Não envie missionário se não queres mantê-lo
Não envie missionário se não queres ajudá-lo
Não envie missionário se queres só retorno financeiro
Não envie missionário só com palavras sem ação de fato
Não envie missionário para cobrar resultados rápidos
Não envie missionário se julgar que um missionário é um super homem
Não envie missionário só para fazer nome
Não envie missionário se vai deixar falta-lhe o pão
Não envie missionário se vai faltar-lhe comunicação
Não envie missionário se teu coração não for com ele
Não envie missionário se não é capaz de amá-lo
Somente envie missionário se há em tua vida e coração amor e compromisso com missões!

Fonte: www.semipa.org.br

sexta-feira, 10 de julho de 2009

"Por quê alguem deveria ouvir o Evangelho mais de duas vezes quando há pessoas que nunca ouviram?" (Oswald Smith)

terça-feira, 10 de março de 2009

pensamento

"Deus tem tesouros preciosos para revelar àqueles que o buscam."Pr Henrique Araújo[:D]

sexta-feira, 6 de março de 2009

Blá blá blá missionário?


Ainda estou no terceiro período do seminário, mas acho que já tenho o tema da minha monografia - o relacionamento entre a igreja e o missionário. Isto porque se tem um assunto que incomoda meu coração é que as igrejas fazem com os missionários no campo.

Hoje, na aula de religiões, tivemos o privilégio de ouvir o Pr. Sidney, missionário a 8 anos na Aldeia Kunãnã, no Oiapoque - AM. A aldeia tem 35 tribos, algumas com dialetos completamente diferentes dos demais e o Pr. Sidney e sua família são os únicos missionários que moram dentro da aldeia. O testemunho missionário é sempre edificante, mas também extremamente desafiador. Todo missionário entende como nenhum outro crente o que Jesus quer dizer quando diz que a "a seara é grande, mas poucos são os ceifeiros" (Mt 9.37). 

O testemunho do Pr Sidney me impactou muito. Ele falou sobre as dificuldades de adaptação e de convivência num ambiente tão diferente, mas também falou dos frutos do trabalho e de como tudo vale a pena quando o nosso coração está no lugar certo. 

Tudo isso foi muito bom... mas o que mais me chamou a atenção foi quando ele começou a falar a respeito do seu sustento e das dificuldades que tem enfrentado. Pr Sidney é o único missionário que mora na aldeia, onde tem mais de 5000 índios e 35 tribos, e está pensando em começar a trabalhar na cidade -  que fica a 24 horas de canoa da aldeia - porque as igrejas não tem mantido seu ministério. Nesse caso, ele só poderia ir para a aldeia de 15 em 15 dias e ficar lá durante um fim de semana. Já pensou em todo o trabalho que seria atrasado, ou mesmo não poderia ser feito naquela região? Já pensou nas consequencias espirituais, nas vidas que seriam perdidas? Se a seara é grande e os trabalhadores já são poucos, imagina se os poucos trabalhadores não puderem trabalhar porque a igreja não os sustentam? O meu coração se entristeceu com a idéia...

Pr Sidney está no Rio a menos de uma semana. Foi visitar duas igrejas. Uma adiou o seu testemunho mesmo ele já estando lá. Na segunda, ele deu testemunho, falou a igreja, ao fim da mensagem o pastor da igreja chama os missionarios para orar e faz um "belo" discurso a respeito dos "missionários vagabundos" que estão no campo sem fazer nada. Eu imagino o coração do Pr. Sidney sendo esmigalhado ao ouvir isso... E mais, eu imagino o coração de Deus ao ver um servo Seu dizer uma asneira desse porte!

Durante o seu testemunho, o Pr Sidney falou das tantas vezes que a FUNAI, os antropólogos, as ONGs e outros grupos o quiseram tirar de lá e acabar com o seu ministério e foram frustrados. Glórias a Deus por isso! Mas quem está tirando o Pr sidney do campo agora é a própria igreja, deixando de suprir um membro do seu corpo. É a igreja que está conseguindo aquilo que a FUNAI, os antropólogos e as ONGs queriam e Deus não permitiu... será que estamos mesmo sendo instrumentos de Deus? ...  Forte?! Essa pergunta está ecoando no meu coração até agora!

Ai você me pergunta, mas e o cuidado de Deus? Sabe, existem exceções, Deus alimenta povo com maná e faz multiplicação de pães e peixes. Mas em via de regra Ele deu a igreja o privilégio de fazer a sua obra. E Ele usa a igreja para sustentar seus servos. Isso éo conceito de corpo. Ou você tem algum orgão seu que é alimentado pelo coração do seu vizinho? Nós vemos o carinho e cuidado de Deus quando a Sua igreja ama e se preocupa com os membros e os obreiros. E não estou falando de uma igreja específica não, estou falando do corpo de Cristo. Essas pessoas são os pés da igreja, estão nos levando aonde Deus mandou que fossemos - até os confins da terra - e nós os deixamos desamparados... 

"Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas." Romanos 10.13-15

Você conhece esse texto, não conhece? Está escrito para o missionário ir e esperar cair o maná do céu? Não na minha bíblia! Meu amado, se a igreja não fizer a obra para qual foi designada, quem fará? Para quem estamos querendo transferir a nossa responsabilidade? COMO PREGARÃO, SE NÃO FOREM ENVIADOS? COMO? COMO? COMO? 

O grande problema que enfrentamos hoje é que se ouve nas igrejas muito blá blá blá missionário e pouco comprometimento verdadeiro com a obra... 

Deus faz milagres? faz! Talvez o maior milagre que Ele faça seja colocar nos nossos corações a noção da nossa responsabilidade, o amor pela Sua obra.
  

Quer ajudar a família missionária e ministério no Oiapoque? 
- Ore pelo Pr. Sidney, sua esposa Raquel, Sua filinha Bebel e o outro neném que estápor vir.
- Entre em contato pelo e-mail arianegbarcellos@gmail.com e eu passo os dados bancários do Pr. Sidney

Que Deus nos abençõe e tenha misericórdia de nós!

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

AS autoras do blogger


Jovens, servas de Deus, estudantes, que amam o SEnhor Jesus e a obra dEle.

pense...

"Viver pela fé, vivendo pelo amor para ser uma de esperança."

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Manobras assépticas contra o pecado?!


























Bom, antes de começar efetivamente a falar sobre o assunto, nesse primeiro texto, gostaria de me apresentar. Meu nome é Ariane, sou recém formada em Microbiologia pela UFRJ e seminarista do Seminário Teológico Betel. Essa formação, digamos que um tanto eclética, é a razão do teor cientifico-religioso desse blog. Ou não, talvez seja apenas uma pretensão da minha parte. Quem lê, julgue.

Agora ao assunto em si. Para falar sobre manobras asséticas no contexto acima, primeiramente é preciso definir determinadas coisas. Para trabalharcom micróbios (para quem ficou em dúvida antes, é isso que um microbiologista faz: trabalha com germes, micróbios, bactérias, fungos e etc) nós utilizamos o que chamamos de meios de cultura. Meios de cultura são, a grosso modo, uma espécie de gelatina super nutritiva, onde as bactérias que se depositam ali conseguem tudo que precisam para sobreviver. Dessa forma, quando uma bacteria chega a um meio de cultura, ela "come" e se multiplica... é o ambiente perfeito para ela. 

Quando fazemos meios de cultura, temos em mente ter ali uma bactéria específica, para estudá-la. Não podem haver outras. Mas tem um detalhe - Se você é do tipo neurótico com limpeza, é melhor parar a leitura por aqui! - existem bactérias em todo o lugar! Milhares delas! Nas nossas mãos, no ar, nas mesas, nas canetas, no seu nariz, na sua boca, em todo lugar! Ora, ora... pense comigo - Se o meio de cultura que eu fiz é riquíssimo e as bactérias estão em toda parte, na hora que eu abrir a embalagem com o meio de cultura para colocar a bactéria que eu quero, várias outras vão entrar lá também! é comida! De graça! É como colocar uma gaiola com alpiste querendo pegar um passarinho específico dentro de um viveiro com milhares deles. 

Para resolver esse problema criaram-se as manobras assépticas. A idéia é criar um ambiente totalemente livre de micróbios, de vida... um ambiente estéril. É como  matar todos os passarinhos do viveiro e só deixar o que você quer. Assim, quando você colocar a gaiola com alpiste, não vai correr o risco de pegar o passarinho errado. Para isso usamos todos os paramentos que se vê na televisão quando mostram um laboratório: jaleco, luvas, camâras especiais isoladas do ambiente, máscara, álcool, luz ultra-violeta e etc. 

O que isso tem de ver com pecado? vejamos: imagine que você é um meio de cultura.  Agora imagine que o pecado são as milhares de bactérias às quais nos referimos acima. Como manter-se puro, sendo um ambiente riquíssimo para o desenvolvimento do pecado como somos? Muitas vezes caimos no tentanção de querer transformar o mundo num ambeinte estéril, a fim de que não corramos o risco de nos contaminar. Essa idéia brilhante não é nova. Paulo falou sobre ela algumas vezes. 

"Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros; refiro-me, com isto, não propriamente aos impuros deste mundo, ou aos avarentos, ou roubadores, ou idólatras; pois, neste caso, teríeis de sair do mundo." ICo 5.9-10

Paulo sabia que tornar o mundo "estéril de pecado", isolar-se das impurezas, entrar numa 'comodozinho' livre de qualquer contaminação não era possível. "pois, nesse caso, teríeis que sair do mundo"

O próprio Jesus disse, em sua oraçãoque se encontra em João 17.15 "Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal."

O caminho não é desaparecer do mundo, ficar na sua bolha protegido do pecado.

"Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: não toques, não proves, não manuseies? As quais todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne." Colossenses 2.20-23

Nesse texto de colossenses Paulo também alerta sobre a técnica do "não pode" que também é muito utilizada hoje. Certamente o texto acima citado se encaixa como luva e bate na cara de muitas pessoas e de muitas igrejas. Para evitar o pecado, evita-se qualquer coisa que dá prazer. Isso tem um nome parecido com o termo que nós usamos no laboratório - "ascetismo" - , que aprece em algumas traduções. Também não funciona. Paulo diz que "parece legal, parece inteligente" faz você pensar que é "o cara, o santo, o obediente e submisso" mas não são de valor algum! Não resolvem o problema, mascaram-no.

Qual é a solução então? Jesus dá a resposta nessa mesma oração, fazendo um pedido ao Pai: "Santifica-os na verdade: a tua palavra é a verdade."

A questão não é o mundo, a mudança que Deus faz não é no ambiente em que você se encontra. É em você! O foco está no lugar errado. O mundo não vai ficar "estéril de pecado" para que você não se contamine. E por mais que você queira, não vai encontrar uma bolha, que te isole "desse mundo contaminado". 

Jesus pede para que Deus nos santifique. Que Deus transforme a nossa vida de forma que nós estejamos no meio de tantos germes e micróbios, mas não nos contaminemos, porque já não somos um meio de cultura rico. Não somos mais "o ambiente perfeito" para o pecado se desenvolver. Porque quem está em Cristo é nova criatura, tem uma nova natureza, as coisas velhas já passaram e eis que tudo se fez novo (II Co 5.17).

Precisamos, não de manobras Assépticas, nem de Ascetismo, mas de buscar a Santificação, sem a qual, ninguém verá a Deus (Hb12.14)! 

A mudança que Deus opera no homem sempre foi de dentro para fora. Esse é o conceito de luz do mundo. Estar num mundo estéril para não se contaminar não é ser luz do mundo. Estar num mundo pecaminoso e manter-se fiel a Deus é fazer a diferença. Nós precisamos impactar o mundo pela presença de Deus na nossa vida!

Esse é o desafio! A assepsia funciona muito bem para a ciência. Para vida com Deus não!